Em explicação de
Pai João de Aruanda (João Cobú) é possível aprender mais sobre os elementais e
suas atuações junto aos grupos mediúnicos.
Foi Wallace quem externou minhas dúvidas:
- Ângelo parece estar curioso a respeito do
caso desta nossa irmã - falou, indicando o espírito. – Ele gostaria de saber
maiores detalhes a respeito dos elementais e do envolvimento desse espírito com
tais forças da natureza.
Sem rodeios, o espírito João Cobú, ou Pai
João de Aruanda, como se fazia conhecer, foi direto ao ponto:
- A existência dos elementais, meus filhos,
segundo os antigos anciães e sábios do passado, explicava a dinâmica do
universo. Como seres reais, eram responsabilizados pelas mudanças climáticas e
correntes marítimas, ou precipitação da chuva ou pelo fato de haver fogo, entre
muitos outros fenômenos da natureza. Apesar de ser uma explicação mitológica,
própria da maneira pela qual se estruturava o conhecimento na época, eles não
estavam enganados. Tanto assim que, apesar de a investigação científica não
haver diagnosticado a existência concreta desses seres através de seus métodos,
as explicações dadas a tais fenômenos não excluem a ação dos elementais. Pelo
contrário.
Minha curiosidade foi aguçada ainda mais. Pai
João prosseguiu, demonstrando conhecimento sobre a questão:
- Os sábios da Antiguidade acreditavam que o
mundo era formado por quatro elementos básicos: terra, água, ar e fogo. Não
obstante, com o transcorrer do tempo, a ciência viesse a contribuir com maiores
informações a respeito da constituição da matéria, não tornou o conhecimento
antigo obsoleto. A medicina milenar da China, por exemplo, que já começa a ser
endossada pelas pesquisas científicas atuais, igualmente identifica os quatro
elementos. Sob o ponto de vista da magia, os quatro elementos ainda permanecem,
sem entrar em conflito com as explicações científicas modernas. Os magistas e
ocultistas estabeleceram uma classificação dos elementais sob o ponto de vista
desses elementos, considerando-os como forças da natureza ou tipos de energia.
- Então os elementais não possuem consciência
de si mesmos? São apenas energia, é isso que entendi?
- Não, meu filho. Os seres elementais, irmãos
nossos na criação divina, têm uma espécie de consciência instintiva. Podemos
dizer que sua consciência está em elaboração. Apesar disso, eles se agrupam em
famílias, assim como os elementos de uma tabela periódica.
- Não entendi...
- Preste atenção, meu filho - continuou o
preto-velho. - Os elementais são entidades espirituais relacionadas com os
elementos da natureza. Lá, em meio aos elementos, desempenham tarefas muito
importantes. Na verdade, não seria exagero dizer inclusive que são essenciais à
totalidade da vida no mundo. Através dos elementais e de sua ação direta nos
elementos é que chegam às mãos do homem as ervas, flores e frutos, bem como o oxigênio,
a água e tudo o mais que a ciência denomina como sendo forças ou produtos naturais.
Na natureza, esses seres se agrupam, segundo suas afinidades.
- Seriam então esses agrupamentos aquilo que você
chama de família?
- Isso mesmo! Louvado seja Deus - comemorou
Pai João. - Essas famílias elementais, como as denominamos, estão profundamente
ligadas a este ou aquele elemento: fogo, terra, água e ar, conforme a
especialidade, a natureza e a procedência de cada uma delas.
- Os elementais já estiveram encarnados na
Terra ou em outros mundos?
- Encarnações humanas, ainda não. Eles
procedem de uma larga experiência evolutiva nos chamados reinos inferiores e,
como princípios inteligentes, estão a caminho de uma humanização no futuro, que
somente Deus conhece. Hoje, eles desempenham um papel muito importante junto à
natureza como um todo, inclusive auxiliando os encarnados nas reuniões
mediúnicas e os desencarnados sob cuja ordem servem.
- Como podem auxiliar em reuniões mediúnicas?
- Vamos por parte, meu filho, bem devagar. É
bom compreender com profundidade a questão dos elementais para assim entender o
comportamento da nossa irmã infeliz - disse Pai João, apontando para o espírito
que antes observávamos. - Como expliquei, podem-se classificar as famílias dos
elementais de acordo com os respectivos elementos. Junto ao ar, por exemplo, temos
a atuação dos silfos ou das sílfides, que se apresentam em
estatura pequena, dotados de intensa percepção psíquica. Eles diferem de outros
espíritos da natureza por não se apresentarem sempre com a mesma forma,
definida, permanente. São constituídos de uma substância etérea, absorvida dos
elementos da atmosfera terrestre. Muitas vezes apresentam-se como sendo feitos
de luz e lembram pirilampos ou raios. Também conseguem se manifestar, em
conjunto, com um aspecto que remete aos efeitos da aurora boreal ou do arco-íris.
- Disso se depreende, então, que os silfos
são os mais evoluídos entre todas as famílias de elementais?
- Eu diria apenas, meu filho, que os silfos
são, entre todos os elementais, os que mais se assemelham às concepções que os
homens geralmente fazem a respeito de anjos ou fadas. Correspondem às forças
criadoras do ar, que são uma fonte de energia vital poderosa.
- Então eles vivem unicamente na atmosfera?
- Nem todos - respondeu Pai João. - Muitos
elementais da família dos silfos possuem uma inteligência avançada e, devido ao
grau de sua consciência, oferecem sua contribuição para criar as correntes
atmosféricas, tão preciosas para a vida na Terra. Especializaram-se na purificação
do ar terrestre e coordenam agrupamentos inteiros de outros elementais. Quanto à
sua contribuição nos trabalhos práticos da mediunidade, pode-se ressaltar que
os silfos auxiliam na criação e manutenção de formas-pensamento, bem como na
estruturação de imagens mentais. Nos trabalhos de ectoplasmia, são auxiliares
diretos, quando há a necessidade de reeducação de espíritos endurecidos.
- E os outros elementais? - perguntei num
misto de euforia e curiosidade.
- Vamos com calma, meu filho, vamos com calma
- respondeu Pai João. - Duas classes de elementais que merecem atenção são as ondinas
e as ninfas, ambas relacionadas ao elemento água. Geralmente são
entidades que desenvolvem um sentimento de amor muito intenso. Vivem no mar,
nos lagos e lagoas, nos rios e cachoeiras e, na Umbanda, são associadas ao
orixá Oxum. As ondinas estão ligadas mais especificamente aos riachos, às fontes
e nascentes, bem como ao orvalho, que se manifesta próximo a esses locais. Não podemos
deixar de mencionar também sua relação com a chuva, pois trabalham de maneira mais
intensa com a água doce. As ninfas, elementais que se parecem com as ondinas, apresentam-se
com a forma espiritual envolvida numa aura azul e irradiam intensa luminosidade.
- Sendo assim, qual é a diferença entre as
ondinas e as ninfas, já que ambas são elementais das águas?
- A diferença básica entre elas é suavidade e
a doçura das ninfas, que voam sobre as águas, deslizando harmoniosamente, como
se estivessem desempenhando uma coreografia aquática. Para completar, temos
ainda as sereias, personagens mitológicos que ilustraram por séculos as
histórias dos marinheiros. Na realidade, sereias e tritões são
elementais ligados diretamente às profundezas das águas salgadas. Possuem
conotação feminina e masculina, respectivamente. Nas atividades mediúnicas, são
utilizados para a limpeza de ambientes, da aura das pessoas e de regiões
astrais poluídas por espíritos do mal.
- Eu pensei...
- Eu sei, meu filho - interrompeu-me João
Cobú. - Você pensou que tudo isso não passasse de lenda. Mas devo lhe afirmar,
Ângelo, que, em sua grande maioria, as lendas e histórias consideradas como
folclore apenas encobertam uma realidade do mundo astral, com maior ou menor
grau de fidelidade. É que os homens ainda não estão preparados para conhecer ou
confrontar determinadas questões.
- E as fadas? Quando encarnado, vi uma
reportagem a respeito de fotografias tiradas na Escócia, que mostravam várias
fadas. O que me diz a respeito?
- Bem, podemos dizer que as fadas sejam seres
de transição entre os elementos terra e ar. Note-se que, embora tenham como
função cuidar das flores e dos frutos, ligados à terra, elas se apresentam com
asas. Pequenas e ágeis, irradiam luz branca e, em virtude de sua extrema
delicadeza, realizam tarefas minuciosas junto à natureza. Seu trabalho também
compreende a interferência direta na cor e nos matizes de tudo quanto existe no
planeta Terra. Como tarefa espiritual, adoram auxiliar na limpeza de ambientes
de instituições religiosas, templos e casas espíritas. Especializaram-se em
emitir determinada substância capaz de manter por tempo indeterminado as formas
mentais de ordem superior. Do mesmo modo, auxiliam os espíritos superiores na
elaboração de ambientes extra-físicos com aparências belas e paradisíacas. E, ainda,
quando espíritos perversos são resgatados de seus antros e bases sombrias, são
as fadas, sob a supervisão de seres mais elevados, que auxiliam na reconstrução
desses ambientes. Transmutam a matéria astral impregnada de fluidos tóxicos e
daninhos em castelos de luz e esplendor.
- Uau! - exclamei. - Nunca poderia imaginar
coisas assim...
- Mas não acabou ainda, meu filho - tornou
Pai João. - Temos ainda as salamandras, que são elementais associados ao
fogo. Vivem ligados àquilo que os ocultistas denominaram éter e que os
espíritas conhecem como fluido cósmico universal. Sem a ação das salamandras o fogo
material definitivamente não existiria. Como o fogo foi, entre os quatro
elementos, o primeiro manipulado livremente pelo homem, e é parte de sua
história desde o início da escalada evolutiva, as salamandras acompanham o
progresso humano há eras. Devido a essa relação mais íntima e antiga com o
reino hominal, esses elementais adquiriram o poder de desencadear ou
transformar emoções, isto é, podem absorvê-las ou inspirá-las. São hábeis ao desenvolver
emoções muito semelhantes às humanas e. em virtude de sua ligação estreita com
o elemento fogo, possuem a capacidade de bloquear vibrações negativas, possibilitando
que o homem usufrua de um clima psíquico mais tranquilo.
Eu estava atônito. E o pai-velho prosseguia:
- Nas tarefas mediúnicas e em contato com o
comando mental de médiuns experientes, as salamandras são potentes
transmutadores e condensadores de energia. Auxiliam sobremaneira na queima de
objetos e criações mentais originadas ou associadas à magia negra. Os espíritos
superiores as utilizam tanto para a limpeza quanto para a destruição de bases e
laboratórios das trevas. Habitados por inteligências do mal, são locais-chave em
processos obsessivos complexos, onde, entre diversas coisas, são forjados aparelhos
parasitas e outros artefatos. Objetos que, do mesmo modo, são destruídos graças
à atuação das salamandras.
- E os duendes e gnomos? Também
existem ou são obras da imaginação popular?
- Sem dúvida que existem! Os duendes e gnomos
são elementais ligados às florestas e, muitos deles, a lugares desertos.
Possuem forma anã, que lembra o aspecto humano. Gostam de transitar pelas matas
e bosques, dando sinais de sua presença através de cobras e aves, como o melro,
a graúna e também o chamado pai-do-mato. Excelentes colaboradores nas reuniões
de tratamento espiritual, são eles que trazem os elementos extraídos das
plantas, o chamado bioplasma. Auxiliam assim os espíritos superiores com
elementos curativos, de fundamental importância em reuniões de ectoplasmia e de
fluidificação das águas.
Tinha a sensação de que um novo mundo se
revelava a meu conhecimento, tamanha a amplitude da ação desses espíritos da
natureza. E Pai João continuava:
-Temos ainda os elementais que se relacionam
à terra, os quais chamamos de avissais. Geralmente estão associados a
rochas, cavernas subterrâneas e, vez ou outra, vêm à superfície. Atuam como
transformadores, convertendo elementos materiais em energia. Também são
preciosos coadjuvantes no trabalho dos bons espíritos, notadamente quando há a
necessidade de criar roupas e indumentárias para espíritos materializados. Como
estão ligados à terra, trazem uma cota de energia primária essencial para a reconstituição
da aparência perispiritual de entidades materializadas, inclusive quando perderam
a forma humana ou sentem-se com os membros e órgãos dilacerados.
TRECHO EXTRAÍDO DO
LIVRO ARUANDA, PSICOGRAFADO POR ROBSON PINHEIRO E DITADO PELO ESPÍRITO ÂNGELO
INÁCIO – PÁGINAS 102 A 110. EDITORA CASA DOS ESPÍRITOS